25 a 28 de Agosto
Chegámos a São Pedro de Atacama 14h depois de termos entrado no autocarro, e mal estávamos preparados para os três dias fabulosos que iríamos viver nesta pequena vila no norte do Chile, que se sustenta essencialmente através do turismo e da extracção de lítio do deserto.
Nessa mesma tarde pusemos de lado o cansaço da viagem e fomos visitar o deserto de Atacama, que é todo feito de sal, e os vales da lua e da morte. A elevada concentração de arsénio no sal impede que este seja utilizado enquanto recurso, uma vez que o processo de purificação é bastante caro. Neste deserto, encontrámos paisagens deslumbrantes, tiram até a respiração. Já no fim da visita pudemos desfrutar de um por do sol lindíssimo ao sabor de uma bebida típica dos Andes, o pisco sagué. Para terminar, descemos a pé uma duna com 400 metros. Durante esta descida, a nossa máquina fotográfica teve direito a um banho de areia que se revelaria fatal...
Chegámos a casa muito cansados, cozinhar e tomar banho pareceram autênticas odisseias. Adormecemos assim que caímos na cama, por volta das 19h, e acordámos para mais um dia em cheio. Este começou com uma visita a uma reserva natural onde podiam ser observadas três espécies de flamingos. Foi a um destes bichinhos que a nossa máquina tirou a sua última fotografia. O dia seguiu com uma caminhada pela laguna Miscanti, a mais de 4000 metros de altura. Estava rodeada de neve, e a própria água estava em gelo, o que adicionou uma magia especial à paisagem. Pela tarde, visitámos uma aldeia andina, na qual almoçámos, e descobrímos que ali mesmo no deserto, está a ser desenvolvido um recente projecto científico, chamado "ALMA". Resulta da colaboração dos EUA, Ásia, Europa e Chile, e tem como objectivo construir o mais moderno observatório espacial do mundo.
Chegámos ao hostel por volta das 18h, e tratámos de arrumar toda a bagagem, fazer o jantar e seguir para o terminal de autocarros. Viajámos para Antofagasta, com a intenção de seguir para o Sul da Bolívia. Mas os nossos planos saíram trocados, em Antofagasta só era possível viajar para o sul da Bolívia no dia seguinte, e para evitar passar uma noite ali, optámos por apanhar um autocarro para Arica (mais a noite do Chile) que partia dentro de 10 minutos, donde também havia autocarros para a Bolívia, e desta forma, passar a noite no autocarro. Este foi certamente um dos despertares mais inesquecíveis da viajem. Abro os olhos, vejo uma série de pessoas à minha volta, algumas acordadas, outras ainda a dormir. Depois de demorar alguns segundos até me lembrar onde estava, olho através do vidro e vejo um sol forte, ainda a metade, debaixo dele estão umas formações brancas parecidas com algodão, sem interrupções, que servem de ponte entre as altas montanhas. Não parecia real, estávamos mesmo dentro de um autocarro que viajava ao nível das nuvens! Obviamente quis partilhar este momento com a Carolina e acordei-a para que saboreasse também esta maravilhosa paisagem. Ela respondeu com um "Ah, que bonito!".
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