terça-feira, 10 de abril de 2012

Montañita


18 a 26 de Setembro

Chegámos a Montañita pelas 9h da manhã, cheios de sono e sem hostel reservado. À saída do autocarro estava um casal de jovens a perguntar precisamente se já tínhamos onde dormir.
 Este foi dos melhores hostels onde ficámos, as paredes do quarto feitas de uma espécie de bambu, cama de rede na varanda, e um pequeno-almoço incluído bastante bom e completo. Montañita foi mais um destino sugerido por outros viajantes, todos diziam que se íamos para o Equador, tínhamos que visitar esta pequena vila à beira do Pacífico, mais conhecida pela sua vida nocturna animada.

De facto, é um lugar muito catita, as casas, bares e restaurantes todos feitos de madeira e palha, e as pessoas eram muito simpáticas. Nos primeiros dois dias vagueámos pelas ruas e pela praia, infelizmente o tempo estava muito nublado, não muito propício ao típico dia de praia, o que não nos impediu no entanto, de ir à água, que para nós estava até bastante boa.





Foi em Montañita que descobrimos uma das sete maravilhas gastronómicas desta viagem: os gelados mais maravilhosos que alguma vez comemos! No terceiro dia, começámos a explorar algumas das actividades que podíamos fazer por ali. Informámo-nos de quanto custaria ir às Galápagos, mas estava muito fora do nosso orçamento (500 dls a hipótese mais barata). Mais perto ainda está a Isla de la Plata, que é chamada  "Galápagos dos pobres", onde também existem alguma espécies endémicas, e cujo preço era bem mais em conta. Enstávamos bastante inclinados a visitar a Isla de la Plata, quando um rapaz nos propôs que experimentássemos algo diferente. Longe de nós sabermos que iriamos com isto descobrir uma das nossas paixões: mergulho.




"Os peixes que passam diante do teu olhar, a certeza de que a vida existe quando, por um instante, descemos a este mundo submerso que não é o nosso e depositamos o peso que trazemos do mundo que é o nosso e assim nos reconstruímos, porque a água tudo limpa.
Miguel Sousa Tavares"





Nos dias seguintes estivemos simplesmente a relaxar, disfrutando do que Montañita tinha para nos oferecer: praia e noite. No entanto, há que destacar o nosso sexto dia em Montañita. Era dia 2x, e planeávamos o que iamos fazer até ao final da viagem ( 7 de Outubro). Estávamos no primeiro andar do hostel, numa cama de rede virada para a rua, de portátil ao colo, e o ecrã preenchido com o mapa da América do Sul. As duas hipóteses em cima da mesa eram ficar no Equador até ao final da viagem, ou seguir para a Colômbia e Venezuela, e apanhar o nosso voo em Caracas onde fazia escala.          

Foi então que o sentimento acumulado ao longo da viagem, que ambos pensávamos mas não diziamos, veio à superfície. A Carolina virou-se para mim e disse que não queria voltar já, que não fazia sentido, que ainda havia muito por descobrir. Ela teve a coragem de dar o pontapé de saída. Eu, retraí-me. Comecei a rir-me e a dizer que ela estava doida. É óbvio que achei a ideia alucinante, mas algo impossível de ser feito, principalmente porque tinha um mestrado para acabar e o tema da tese acordado com a orientadora, para não falar das saudades que tinha de todos em Portugal. Parecia algo que seria possível num sonho, e não na realidade. No entanto, a Carolina continuou a defender a ideia com seriedade, e quando comecei a fazer-me as questões "Porque não?", "O que tenho a perder e a ganhar?", um sentimento de liberdade apoderou-se de mim, que deitou todos os medos abaixo. Passadas algumas horas de reflexão, disse-lhe que sim com um sorriso de orelha a orelha (ainda que não acreditasse bem no que estava a dizer), fazia-me todo o sentido ficar. Decidimos nesse dia ir jantar para celebrar, uma bela mariscada ao som de música cubana e danças de salsa. Ficou decido então que ficaríamos no Equador até dia 7 de Outubro, nesse dia apanharíamos o nosso voo de regresso, mas em vez de seguirmos para Lisboa aproveitaríamos a escala para caracas e ficaríamos na Venezuela para continuarmos a nossa viagem. Ficámos em Montañita um total de 9 dias, passados de fato-de-banho e chinelos, ao sabor de bons mojitos e na companhia de boas pessoas. Sempre recordaremos este lugar pela descoberta da paixão de fazer mergulho, e também pela viragem que as nossas vidas aqui tiveram.









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