terça-feira, 10 de abril de 2012

Amazónia Equatoriana


2 a 6 de Outubro

Durante a viagem, mesmo dentro do autocarro, foi notória a transição do clima frio e seco dos Andes para o ar quente e abafado da Amazónia, isto num espaço de cerca de 3h. Chegámos a Tena por volta das 2h da manhã, a cidade estava completamente deserta. Depois de andarmos uns 20 minutos a tocar às campainhas dos hostels a perguntar pelos preços, lá encontrámos um onde estavam dois homens idosos, podres de bebedos, que nos fizeram um bom preço. Aí pernoitámos uma noite, com intenções de seguir para Misahuali no dia seguinte.

 A viagem para Misahuali durou apenas uma hora. É uma vila que se resume a uma oraça com um jardim, onde vivem vários macacos que não param durante todo o dia, e algumas ruelas, cujas estradas são todas de terra batida. A Carolina ficou na praça a guardar as malas na companhia dos macacos, enquanto eu fui procurar um hostel barato. Contudo, os preços ali eram um pouco caros para nós, e portanto, decidi pôr-me a andar por uma ruela, a ver se encontrava algo mais em conta. Depois de caminhar um pouco, cruzo-me com um senhor que me pergunta: "Que buscas?". Este foi o nosso dia de sorte, ele tinha uma vivenda ali perto, com uma cabana para alugar, por um preço muito bom. O melhor disto é que esta cabana era a dez passos do rio Misahuali, coberta de uma vegetação sem fim, com um verde que nunca antes tínhamos visto! Tinhamos chegado à Amazónia. Depois de ver a cabana e o lugar, fiquei maravilhado e ansioso de o mostrar à Carolina. Depois de almoçarmos os três, seguimos para a cabana. A Carolina adorou. Sem dúvida que este lugar onde ficámos os quatro dias fez mesmo a nossa estadia em Misahuali mais especial, era maravilhoso.

Passámos o resto do dia no rio, simplesmente a apreciar a beleza que nos rodeava. No dia seguinte acordámos um pouco tarde. Tínhamos planeado descer o rio que tinha alguns rápidos, em cima de umas boias redondas, actividade que ali era chamada de tubbing. No entanto, o nosso dinheiro tinha acabado, e não havia multibanco em Misahuali, pelo que tivemos de voltar a Tena para levantar dinheiro. É engraçado observar que cada país tem a sua forma de funcionar em certos aspectos, aqui, nos autocarros, quando uma pessoa quer descer, diz "Gracias" e o motorista pára o autocarro em qualquer lugar. Quando chegámos a Misahuali já não dava tempo para muita coisa. Pegámos na comiga e montámos um piquenique à beira-rio, e ali ficámos a passar o resto da tarde. Há muitas actividades que se podem fazer aqui, há tours na selva, onde se conhecem as tribos indígenas, come-se comida típica, anda-se nos barcos deles, pode-se também fazer desportos radicais, etc. Contudo, para nós, observar o rio a correr e o som da água a bater nas rochas, o verde à nossa volta, as cores do céu ao entardecer, os macacos a brincarem na praça, era demasiado bom, e não se tinha de pagar.
Nos dias que se seguiram fizemos um caminhada por um parque ali perto, supostamente o caminho levar-nos-ia a uma cascata, mas quando lá chegámos deparámo-nos com um monte de pedras, a cascata estava seca. Fizemos também o tubbing com um rapaz amigo do senhor que nos alugou a cabana, que nos cobrou uma ninharia, mostrou-nos algumas árvores especiais da zona, e levou-nos a uma cascata e escorregas naturais, foi bastante divertido. Optámos por não fazer a tour à selva, porque de há uns tempos para cá nos apercebemos que estas comunidades indigenas vivem quase apenas do turismo e por isso, nos parecem demasiado "trabalhadas" para o turismo, interessadas em vender tudo e mais alguma coisa, cantar e dançar uma música típica para dizermos "ah, que giro", de modo a sacar o máximo de dinheiro ao gringo, perdendo assim, toda a naturalidade. Se quisermos passar tempo com indigenas a sério, temos que ir mais adentro na selva, mas isso pode levar dias, mas convém ir com alguém que conheça a zona, pois há bastantes animais selvagens, o que sai bastante caro.
Este foi dos lugares onde menos dinheiro gastámos e onde mais gostámos de estar, principalmente pelo estado de paz que aqui atingimos. Teríamos ficado aqui mais tempo, mas tínhamos o nosso voo em Quito no dia seguinte. Entrámos no autocarro rumo a Quito com desejo de voltar um dia.

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