2 a 6 de Outubro

A viagem para Misahuali durou apenas uma hora. É uma vila que se resume a uma oraça com um jardim, onde vivem vários macacos que não param durante todo o dia, e algumas ruelas, cujas estradas são todas de terra batida. A Carolina ficou na praça a guardar as malas na companhia dos macacos, enquanto eu fui procurar um hostel barato. Contudo, os preços ali eram um pouco caros para nós, e portanto, decidi pôr-me a andar por uma ruela, a ver se encontrava algo mais em conta. Depois de caminhar um pouco, cruzo-me com um senhor que me pergunta: "Que buscas?". Este foi o nosso dia de sorte, ele tinha uma vivenda ali perto, com uma cabana para alugar, por um preço muito bom. O melhor disto é que esta cabana era a dez passos do rio Misahuali, coberta de uma vegetação sem fim, com um verde que nunca antes tínhamos visto! Tinhamos chegado à Amazónia. Depois de ver a cabana e o lugar, fiquei maravilhado e ansioso de o mostrar à Carolina. Depois de almoçarmos os três, seguimos para a cabana. A Carolina adorou. Sem dúvida que este lugar onde ficámos os quatro dias fez mesmo a nossa estadia em Misahuali mais especial, era maravilhoso.
Passámos o resto do dia no rio, simplesmente a apreciar a beleza que nos rodeava. No dia seguinte acordámos um pouco tarde. Tínhamos planeado descer o rio que tinha alguns rápidos, em cima de umas boias redondas, actividade que ali era chamada de tubbing. No entanto, o nosso dinheiro tinha acabado, e não havia multibanco em Misahuali, pelo que tivemos de voltar a Tena para levantar dinheiro. É engraçado observar que cada país tem a sua forma de funcionar em certos aspectos, aqui, nos autocarros, quando uma pessoa quer descer, diz "Gracias" e o motorista pára o autocarro em qualquer lugar. Quando chegámos a Misahuali já não dava tempo para muita coisa. Pegámos na comiga e montámos um piquenique à beira-rio, e ali ficámos a passar o resto da tarde. Há muitas actividades que se podem fazer aqui, há tours na selva, onde se conhecem as tribos indígenas, come-se comida típica, anda-se nos barcos deles, pode-se também fazer desportos radicais, etc. Contudo, para nós, observar o rio a correr e o som da água a bater nas rochas, o verde à nossa volta, as cores do céu ao entardecer, os macacos a brincarem na praça, era demasiado bom, e não se tinha de pagar.
Nos dias que se seguiram fizemos um caminhada por um parque ali perto, supostamente o caminho levar-nos-ia a uma cascata, mas quando lá chegámos deparámo-nos com um monte de pedras, a cascata estava seca. Fizemos também o tubbing com um rapaz amigo do senhor que nos alugou a cabana, que nos cobrou uma ninharia, mostrou-nos algumas árvores especiais da zona, e levou-nos a uma cascata e escorregas naturais, foi bastante divertido. Optámos por não fazer a tour à selva, porque de há uns tempos para cá nos apercebemos que estas comunidades indigenas vivem quase apenas do turismo e por isso, nos parecem demasiado "trabalhadas" para o turismo, interessadas em vender tudo e mais alguma coisa, cantar e dançar uma música típica para dizermos "ah, que giro", de modo a sacar o máximo de dinheiro ao gringo, perdendo assim, toda a naturalidade. Se quisermos passar tempo com indigenas a sério, temos que ir mais adentro na selva, mas isso pode levar dias, mas convém ir com alguém que conheça a zona, pois há bastantes animais selvagens, o que sai bastante caro.

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