Arequipa
6 a 8 de Setembro
Chegámos a Arequipa já de noite. Ao apanharmos um táxi para o hostel tivémos contacto com um dos trânsitos mais loucos de sempre. Nos cruzamentos não há regras, os carros simplesmente vão avançando até terem um espacinho para passar, é tudo ao molho e fé em deus! O que é certo é que não presenciámos nenhum acidente. Depois de jantarmos voltámos ao hostel, onde um grupo de espanhóis de Las Palmas nos convidou a sentar na mesa com eles, e a compartir a sua cerveja. Ali ficámos à conversa pela noite fora. Lembro de nos contarem que tinham provado um animal que nunca tinham comido antes, que se vendia nas ruas, e que tinha garras e os dentes de fora! Depois de algumas tentativas de descrições, lá chegámos à conclusão que era o porquinho da índia. É, parece que no Perú este animal, para nós doméstico, é servido frito!
Começámos o dia com o telefonema para a eDreams, e adiámos o vôo para 7 de Outubro, pois a minha mãe fazia anos dia 8. Passado uns minutos, o guia passou no hostel a buscar-nos. Este foi um dos melhores guias que apanhámos, durante a excursão mostrou-se sempre muito pró-activo e foi-nos dando informações sobre curiosidades bastante interessantes sobre a região de Arequipa, e também do Perú:
o Perú é um país com apenas 6% de superfície plana, com bastante diversidade e onde o turismo está muito desenvoldido, 8 em cada 10 familias peruanas vivem desta actividade;
Arequipa, para além de cidade, é também uma grande região do país onde se prolonga a cordilheira dos Andes, possui 110 vulcões e ocorrem 3 sismos por dia. Alguns dos vulcões estão activos e o material das erupções é aproveitado para o fabrico de cimento, cobre, ouro e prata. O deserto de Atacama extende-se desdo Chile até Arequipa. É também nesta região que nasce o rio Amazonas;
ao contrário do que se pensa, apenas (embora devesse ser menos) 32% da coca no Perú é para droga, é também utilizada para chá, rebuçados, biscoitos;
nos Andes o fogo faz-se com uma planta que cresce acima dos 4500 metros, chama-se jareta. Aqui o modo de vida das pessoas é bastante diferente, vivem a grandes altitudes e bastante isoladas, o tipo de comércio é troca por troca, entre as famílias que vivem perto umas das outras. Devido ao frio, e às grandes distâncias que têm de percorrer diariamente para chegarem à escola, 400 crianças morreram de pneumonia, num ano. Os professores são bem pagos para ensinar nestas escolas, mas muitos deles não estão dispostos a isso, pois implica mudarem radicalmente a sua vida.
A meio do caminho parámos para observar três espécies de animais que predominam nos Andes, as alpacas, os lamas e as vicunhas. Antes da chegada dos espanhóis os indios chamavam aos lamas outro nome que não nos recordamos, mas quando os espanhóis lhes perguntavam "Como se llama?" eles diziam "Llama?!", e então ficou assim o nome de "llama". Juntamente com as alpacas, o pêlo destas duas espécies é usado para fazer casacos, e também se come a sua carne, esta é aliás a fonte de rendimento de muitas famílias andinas. Por outro lado, a vicunha é uma espécie em vias de extinção, e a pena de cadeia pode ir até aos três anos, a quem mate uma. Seguidamente, parámos num lugar onde o nosso guia nos aconselhou a beber chá de coca, devido à altitude que iríamos enfrentar (acima dos 4000 metros), pois este oxigena o sangue. Depois de chegarmos à pequena vila onde íamos dormir e pousarmos as malas, fomos para umas termas que nos souberam pela vida, depois de todo o frio, deu para aquecer e relaxar! À noite disfrutámos de um bife de alpaca ao som de música andina, e danças tradicionais.
Levantámo-nos muito cedo e fomos então visitar o Colca Canyon. A caminho parámos em algumas vilas, onde havia muita artesania à venda, e onde os locais tentavam sacar o máximo de dinheiro aos turistas. Numas das vilas havia um grupo de meninos a dançar com roupas típicas andinas. Engraçado referir que estive algum tempo a observá-los e reparei que apenas dançavam quando passava algum turista... Depois de algum tempo dirigi-me a um deles e perguntei se não andava na escola, ele respondeu "Sim, entro às 8.".
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