Aqui fica o site da nossa viagem
www.casanaestrada.com
onde pretendemos partilhar as nossas experiências e aventuras, e também dicas úteis difíceis de encontrar na internet, que apenas aprendemos graças às vivências dos últimos meses. Estas serão particularmente interessantes para quem estiver interessado em visitar determinado país, ou realizar uma viagem de longo curso, sem gastar muito dinheiro.
Enjoy!
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
1 mês e 18 dias
Tenho aprendido a sorrir mais, a não fazer uma cara tão sisuda quando caminho pelas ruas mas na verdade estou a andar dentro da minha cabeça. Que dos estranhos não esperamos nada, por isso, nestas relações o pouco é muito. E o sorriso de alguém na rua, ou simplesmente uma palmada nas costas enquanto se diz: ânimo, que isto não é fácil têm um poder muito grande, quase tão grande como o quão é difícil explicar este poder. Tenho aprendido a ter saudades com paciência e amor, e não num desespero cego de não conseguir aproveitar o que está à minha volta. Tenho aprendido que às vezes é preciso esquecer e perdoar, e que às vezes é preciso não perdoar e não esquecer, ir para a praça todos os domingos e chorar os filhos que desapareceram sem explicação, erguer muros com poemas de guerra que pedem justiça com os mortos políticos, pintar nas árvores os nomes dos que foram sem razão e ir lá pintá-los outra vez quando alguém tenta apaga-los. Tenho aprendido que temos a capacidade de gostar muito das pessoas, mas também de seguir sem elas, sem rancor, porque pode não dar. E também que somos muito mais fortes do que aquilo que pensamos. Aprendi que comunicamos mais sem palavras do que com elas, e que há um brilho nos olhos que é comum a vários lugares do mundo. Sei que para a próxima, independentemente de tudo, o bilhete é só de ida, que não me quero deixar cair nos lugares comuns da vida. E não faz mal se daqui a dois anos já nada disto for verdade, importa que é verdade agora e que o sinto com todas as partes do meu corpo, com todas as partes do que sou. Aprendi que a seguir da segunda vem a terça e depois e quarta, e que os dias seguem sempre, os bons e os maus. E é tudo uma sucessão, uma sequência. Um respirar fundo antes de entrar na água fria, fechar os olhos, e ir com a maré. Mas ir, ir, ir. E saber que quando aqui falo em aprender, é um aprender muito para além dos livros, é um sentimento muito vincado, muito profundo, que terá sempre as suas marcas.
Até já (:
Carolina
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
A cidade perdida dos Incas
Cusco
9 a 13 de Setembro
Obviamente juntámos o útil ao agradável e fomos conhecendo a cidade de Cusco durante esse dia. É uma cidade catita, onde é muito agradável passear, apesar dos constantes "assédios" dos nativos, a tentarem vender seja o que for aos turistas, é demais. A sua arquitectura é muito própria, uma mistura de influências incas e espanholas. O muro da pedra dos 12 ângulos é uma prova disso, onde é possível observar claramente uma parte construída pelos Incas e outra pelos espanhóis. É impressionante constatar o encaixe perfeito do muro Inca, onde não é possível passar um fio de cabelo entre as pedras, ainda que algumas tenham 12 ou mais ângulos, está ainda hoje por explicar o seu método de construção.
No dia seguinte visitámos o Vale Sagrado dos Incas. Este foi um excelente aperitivo para Machu Picchu, pois deu-nos a conhecer um pouco da história da civilização Inca e sua cultura. Além de podermos apreciar as magníficas paisagens, ficámos a saber que:
- A grandeza da civilização Inca resultou da integração de vários povos, e da sua sabedoria e conhecimentos. Ao absorverem o que cada povo tinha de melhor, os Incas conseguiram erguer um império vastíssimo, que se extendeu desde o Sul do Chile até ao Sul da Colômbia;
- Os Incas foram excelentes agricultores. Em vários locais foram encontrados campos de cultivo com vários níveis de altitude, que correspondiam a diferentes microclimas, onde eram produzidos diferentes alimentos. Além disso, construiram sistemas de rega e engenhosos armazéns de argila no topo das montanhas, que permitiam conservarem os alimentos por imenso tempo;
- Todas as construções incas revelam os elevados conhecimentos de engenharia deste povo. Desde os armazéns de comida aos monumentos e templos, todos os edifícios tinham sistemas anti-sismicos, que permitem que ainda hoje estejam de pé.
- A nivel sociológico, os Incas viviam num sistema que é hoje comparado ao socialismo. Todas as pessoas trabalhavam a favor do bem comum. Alguns exemplos desta filosofia são os milhares de homens que se juntavam para trazer blocos de pedras das montanhas para os locais de construção, e a comida que era sempre plantada e recolhida a pensar em todos os habitantes da comunidade.
- Toda a cultura Inca está envolta em vários mistérios, que ainda hoje não conseguimos decifrar. Sabemos que além de exímios engenheiros, agricultores e filósofos, possuiam conhecimentos avançados de astronomia, metalurgia e farmacologia. Com a invasão espanhola, milhares de livros foram queimados e grande parte deste conhecimento perdido.

Percebemos então que Machu Picchu tinha sido um santuário habitado sobretudo por sacerdotes, construído durante cerca de 100 anos sob as ordens do mais famoso imperador Inca, Pachacuti, e inacabado, devido à chegada dos espanhóis. O mais curioso é que este nunca foi descoberto pelos espanhóis, pois os Incas simularam a fuga para o vale sagrado, de modo a desviar a atenção sobre Machu Picchu, que apenas foi oficialmente descoberto e apresentado ao mundo em 1911, por um explorador norte-americano. Oficialmente, porque o local já era conhecido pelos nativos há muito tempo. Depois de terminada a visita guiada, tínhamos mais 2 ou 3 horas livres para passear por Machu Picchu, e assim o fizemos. Deambulámos por todos os caminhos possiveis, conhecendo cada canto deste lugar maravilhoso. Bastava disparar o botão da máquina para que saisse uma fotografia belíssima. Infelizmente não nos restaram muitas, pois mais à frente na viagem a nossa máquina foi roubada, e com ela, todas as fotos de Machu Picchu. Passados alguns minutos do meio dia, dissemos adeus a este belo lugar, e iniciámoscaminho de retorno a Cusco.

O dia seguinte era de viagem, mas ficámos no quarto até final da tarde, a recuperar forças. Despedimo-nos da cidade de Cusco com um belo jantar de comida típica, ao som de uma banda de música andina, que por sinal era bastante boa. Chegados ao terminal, decidimos mudar os nossos planos de viagem. Supostamente iríamos para Paracas, onde há um parque natural com pinguins, mas informaram-nos que não era tão fácil chegar lá como pensávamos, pelo que decidimos na hora viajar antes para Lima e daí para Trujillo, mais a norte do Perú, onde existem as ruínas Chan Chan, fica para o próximo post!
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Canyon Colca
Arequipa
6 a 8 de Setembro
Chegámos a Arequipa já de noite. Ao apanharmos um táxi para o hostel tivémos contacto com um dos trânsitos mais loucos de sempre. Nos cruzamentos não há regras, os carros simplesmente vão avançando até terem um espacinho para passar, é tudo ao molho e fé em deus! O que é certo é que não presenciámos nenhum acidente. Depois de jantarmos voltámos ao hostel, onde um grupo de espanhóis de Las Palmas nos convidou a sentar na mesa com eles, e a compartir a sua cerveja. Ali ficámos à conversa pela noite fora. Lembro de nos contarem que tinham provado um animal que nunca tinham comido antes, que se vendia nas ruas, e que tinha garras e os dentes de fora! Depois de algumas tentativas de descrições, lá chegámos à conclusão que era o porquinho da índia. É, parece que no Perú este animal, para nós doméstico, é servido frito!
Começámos o dia com o telefonema para a eDreams, e adiámos o vôo para 7 de Outubro, pois a minha mãe fazia anos dia 8. Passado uns minutos, o guia passou no hostel a buscar-nos. Este foi um dos melhores guias que apanhámos, durante a excursão mostrou-se sempre muito pró-activo e foi-nos dando informações sobre curiosidades bastante interessantes sobre a região de Arequipa, e também do Perú:
o Perú é um país com apenas 6% de superfície plana, com bastante diversidade e onde o turismo está muito desenvoldido, 8 em cada 10 familias peruanas vivem desta actividade;
Arequipa, para além de cidade, é também uma grande região do país onde se prolonga a cordilheira dos Andes, possui 110 vulcões e ocorrem 3 sismos por dia. Alguns dos vulcões estão activos e o material das erupções é aproveitado para o fabrico de cimento, cobre, ouro e prata. O deserto de Atacama extende-se desdo Chile até Arequipa. É também nesta região que nasce o rio Amazonas;
ao contrário do que se pensa, apenas (embora devesse ser menos) 32% da coca no Perú é para droga, é também utilizada para chá, rebuçados, biscoitos;
nos Andes o fogo faz-se com uma planta que cresce acima dos 4500 metros, chama-se jareta. Aqui o modo de vida das pessoas é bastante diferente, vivem a grandes altitudes e bastante isoladas, o tipo de comércio é troca por troca, entre as famílias que vivem perto umas das outras. Devido ao frio, e às grandes distâncias que têm de percorrer diariamente para chegarem à escola, 400 crianças morreram de pneumonia, num ano. Os professores são bem pagos para ensinar nestas escolas, mas muitos deles não estão dispostos a isso, pois implica mudarem radicalmente a sua vida.
A meio do caminho parámos para observar três espécies de animais que predominam nos Andes, as alpacas, os lamas e as vicunhas. Antes da chegada dos espanhóis os indios chamavam aos lamas outro nome que não nos recordamos, mas quando os espanhóis lhes perguntavam "Como se llama?" eles diziam "Llama?!", e então ficou assim o nome de "llama". Juntamente com as alpacas, o pêlo destas duas espécies é usado para fazer casacos, e também se come a sua carne, esta é aliás a fonte de rendimento de muitas famílias andinas. Por outro lado, a vicunha é uma espécie em vias de extinção, e a pena de cadeia pode ir até aos três anos, a quem mate uma. Seguidamente, parámos num lugar onde o nosso guia nos aconselhou a beber chá de coca, devido à altitude que iríamos enfrentar (acima dos 4000 metros), pois este oxigena o sangue. Depois de chegarmos à pequena vila onde íamos dormir e pousarmos as malas, fomos para umas termas que nos souberam pela vida, depois de todo o frio, deu para aquecer e relaxar! À noite disfrutámos de um bife de alpaca ao som de música andina, e danças tradicionais.
Levantámo-nos muito cedo e fomos então visitar o Colca Canyon. A caminho parámos em algumas vilas, onde havia muita artesania à venda, e onde os locais tentavam sacar o máximo de dinheiro aos turistas. Numas das vilas havia um grupo de meninos a dançar com roupas típicas andinas. Engraçado referir que estive algum tempo a observá-los e reparei que apenas dançavam quando passava algum turista... Depois de algum tempo dirigi-me a um deles e perguntei se não andava na escola, ele respondeu "Sim, entro às 8.".
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Ilhas Flutuantes
4 e 5 de Setembro de 2011
Às oito da manhã estávamos de pequeno almoço tomado na recepção do hotel, e passado meia hora lá nos vieram buscar para que fossemos conhecer as famosas Ilhas Flutuantes, no Lago Titicaca, que além da Bolívia também banha o Perú.
Após chegar ao porto fomos num barco até às ilhas, e sentámo-nos em roda no chão para ouvirmos um pouco da história e da formação deste lugar. As ilhas são feitas de blocos de terra, cobertos de uma espécie de palha típica da região, a totora, que flutuam sobre a água, e têm umas cordas que os prendem ao chão para que não vão com a corrente. São cerca de 20 pequenas ilhas, e nelas há escola, hospital e casas, as pessoas deslocam-se entre elas em barcos, também construídos com totora.
Aqui pudemos também conhecer a cultura dos Uros, que habitam a ilha. São muito simpáticos e atenciosos, especialmente no que toca à venda de produtos artesanais aos turistas. Mais tarde viemos a perceber que grande parte do rendimento destas ilhas provem do turismo, e que talvez por isto sejam tão empenhados nestas vendas. Depois de conhecer esta primeira ilha visitámos uma outra, onde havia viveiros com peixes, uma mercearia e uma escola primária. O Vitor jogou futebol com alguns dos seus habitantes e tirámos imensas fotografias.
De regresso a Puno, tivemos ainda tempo de almoçar e de ir a uma barbearia para o Vitor cortar o cabelo. Para chegar ao terminal de autocarro, apanhámos um mototaxi, meio de transporte que nunca tinhamos experimentado. Como o nome indica, é uma espécie de mota com uma cabine atrás que leva duas pessoas, e tem também uma plataforma atrás onde leva a bagagem. Depois foi só esperar pelo autocarro e seguir viagem!
Em breve damos notícias de Arequipa,
Abraços.
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