domingo, 5 de fevereiro de 2012

Canyon Colca


Arequipa

6 a 8 de Setembro

Chegámos a  Arequipa já de noite. Ao apanharmos um táxi para o hostel tivémos contacto com um dos trânsitos mais loucos de sempre. Nos cruzamentos não há regras, os carros simplesmente vão avançando até terem um espacinho para passar, é tudo ao molho e fé em deus! O que é certo é que não presenciámos nenhum acidente. Depois de jantarmos voltámos ao hostel, onde um grupo de espanhóis de Las Palmas nos convidou a sentar na mesa com eles, e a compartir a sua cerveja. Ali ficámos à conversa pela noite fora. Lembro de nos contarem que tinham provado um animal que nunca tinham comido antes, que se vendia nas ruas, e que tinha garras e os dentes de fora! Depois de algumas tentativas de descrições, lá chegámos à conclusão que era o porquinho da índia. É, parece que no Perú este animal, para nós doméstico, é servido frito!
O pequeno-almoço (que tornar-se-ia uma constante ao longo de todo o Perú) foi servido com pão, manteiga e marmelada, e umas folhas de coca para misturarmos com água quente, o que resulta num chá delicioso. Este dia foi dedicado apenas a conhecer a cidade de Arequipa, uma cidade com um centro histórico engraçado, mas nada do outro mundo. No entanto, descobrimos que a partir desta cidade havia uma excursão ao Colca Canyon, famoso pela sua profundidade e condors que nele habitam. Reservámos no hostel a tour para o dia seguinte, que seria de dois dias. No mercado tivemos a oportunidade de comprar alguma fruta e outros alimentos a baixo preço, e de seguida comer uma enorme sandes de leitão, preparada à peruano, com o leitão em fatias pequeninas misturado com vegetais e com um molho delicioso. Isto tudo enquanto conversávamos com um senhor peruano, muito simpático e educado, que a meio da conversa me perguntou se eu era de Espanha, ao que lhe respondi que não, mas que levei como um elogio (parece que desde Buenos Aires o meu espanhol evoluiu bastante!). À noite decidimos que no dia seguinte adiaríamos o nosso vôo para Outubro, pois o tempo estava muito apertado para conhecer o Perú e Ecuador (país onde apanharíamos o nosso vôo de regresso) com calma.
Começámos o dia com o telefonema para a eDreams, e adiámos o vôo para 7 de Outubro, pois a minha mãe fazia anos dia 8. Passado uns minutos, o guia passou no hostel a buscar-nos. Este foi um dos melhores guias que apanhámos, durante a excursão mostrou-se sempre muito pró-activo e foi-nos dando informações sobre curiosidades bastante interessantes sobre a região de Arequipa, e também do Perú:

o Perú é um país com apenas 6% de superfície plana, com bastante diversidade e onde o turismo está muito desenvoldido, 8 em cada 10 familias peruanas vivem desta actividade;

Arequipa, para além de cidade, é também uma grande região do país onde se prolonga a cordilheira dos Andes, possui 110 vulcões e ocorrem 3 sismos por dia. Alguns dos vulcões estão activos e o material das erupções é aproveitado para o fabrico de cimento, cobre, ouro e prata. O deserto de Atacama extende-se desdo Chile até Arequipa. É também nesta região que nasce o rio Amazonas;

ao contrário do que se pensa, apenas (embora devesse ser menos) 32% da coca no Perú é para droga, é também utilizada para chá, rebuçados, biscoitos;

nos Andes o fogo faz-se com uma planta que cresce acima dos 4500 metros, chama-se jareta. Aqui o modo de vida das pessoas é bastante diferente, vivem a grandes altitudes e  bastante isoladas, o tipo de comércio é troca por troca, entre as famílias que vivem perto umas das outras. Devido ao frio, e às grandes distâncias que têm de percorrer diariamente para chegarem à escola, 400 crianças morreram de pneumonia, num ano. Os professores são bem pagos para ensinar nestas escolas, mas muitos deles não estão dispostos a isso, pois implica mudarem radicalmente a sua vida.

A meio do caminho parámos para observar três espécies de animais que predominam nos Andes, as alpacas, os lamas e as vicunhas. Antes da chegada dos espanhóis os indios chamavam aos lamas outro nome que não nos recordamos, mas quando os espanhóis lhes perguntavam "Como se llama?" eles diziam "Llama?!", e então ficou assim o nome de "llama". Juntamente com as alpacas, o pêlo destas duas espécies é usado para fazer casacos, e também se come a sua carne, esta é aliás a fonte de rendimento de muitas famílias andinas. Por outro lado, a vicunha é uma espécie em vias de extinção, e a pena de cadeia pode ir até aos três anos, a quem mate uma. Seguidamente, parámos num lugar onde o nosso guia nos aconselhou a beber chá de coca, devido à altitude que iríamos enfrentar (acima dos 4000 metros), pois este oxigena o sangue. Depois de chegarmos à pequena vila onde íamos dormir e pousarmos as malas, fomos para umas termas que nos souberam pela vida, depois de todo o frio, deu para aquecer e relaxar! À noite disfrutámos de um bife de alpaca ao som de música andina, e danças tradicionais.
Levantámo-nos muito cedo e fomos então visitar o Colca Canyon. A caminho parámos em algumas vilas, onde havia muita artesania à venda, e onde os locais tentavam sacar o máximo de dinheiro aos turistas. Numas das vilas havia um grupo de meninos a dançar com roupas típicas andinas. Engraçado referir que estive algum tempo a observá-los e reparei que apenas dançavam quando passava algum turista... Depois de algum tempo dirigi-me a um deles e perguntei se não andava na escola, ele respondeu "Sim, entro às 8.".

Finalmente chegámos ao famoso Colca Canyon, o mais profundo do mundo, com 4160 metros de altitude. É de facto uma paisagem maravilhosa, ampla, de uma beleza incrível! Ali tinham habitado civilizações pré-incas. Neste local, pudémos também observar uma ave de rapina também em vias de extinção, o Condor! É um animal belíssimo que dá gosto de observar, praticamente não dá às asas, apenas plana! Horas de almoço, parámos num restaurante caro demais para o dinheiro que tínhamos levado. Dissémos ao nosso guia que nos encontrávamos mais tarde, pois não podíamos almoçar ali, ao que ele nos responde que pudemos perfeitamente almoçar ali, o restaurante é de buffet, serve-se primeiro um, depois o outro, e pagam um! Mesmo à tuga, óbvio que foi isso que fizémos!
Regressados à cidade de Arequipa, deslocámo-nos até ao terminal, onde mais uma vez se ouve pessoas a gritar por todos os lados as vendas dos bilhetes, uma loucura. Comprámos a nossa passagem para Cusco, antiga capital do império Inca, e cidade mais perto do Machu Picchu. Ao entrarmos no autocarro ficámos completamente espantados. Aquilo mais parecia um avião que um autocarro. Havia comissários de bordo que antes da "descolagem" explicaram as regras de segurança e indicaram as portas de emergência, acompanhadas com um vídeo descritivo, que passou nas várias televisões espalhadas ao longo do autocarro. Os assentos eram bastante confortáveis, quase como uma cama, e houve também direito a uma refeição. Verificaríamos que isto seria também uma constante ao longo do Perú, os autocarros são de muito boa qualidade. E ainda bem, porque as viagens são longuíssimas. Para já, espera-nos uma de aproximadamente 12 horas!



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